domingo, 20 de setembro de 2009

PRESENÇA

Um vale de flores

flores, um mar

mergulho entre elas

calmamente, belamente

Sinto o sol sobre mim

me aquece

estou tranquilo, deitado

sobre algumas delas,

as outras me envolvem


Mar dourado de margaridas

lugar secreto

só eu e Ele

minhas forças desfalecem

não importa

nada importa

só a Sua presença.




Schliptz, janeiro de 2001.

Funk

Só um tapinha não dói...
Não dói nada,
pode bater!

Só um chutinho não dói...
Experimente onde quiser!

Só uma facadinha não dói...
Me esfaqueie pra ver!

Um tapinha não dói nada,
Faz parte da vida,
já que estou morta mesmo...

Eu sou
O cadáver,
O cadáver da mulher violentada.

Na hora doeu,
Agora não dói mais,

nada mais dói.

Schliptz, 2001.

Desafinados

Porque no peito dos desafinados

dos feios
dos fracos
dos raquíticos
dos pobres
dos esquisitos
dos ridículos
dos tímidos
dos idiotas
dos cafajestes
dos estúpidos
dos burros
dos babacas
dos sem-graça
dos obesos
dos barrigudos
dos sem-lugar-pra-cair-morto
dos sem noção
dos bêbados
dos pentelhos
dos chatos
dos mancos
dos gagos
dos fanhos
dos caolhos
dos desdentados
dos broxas
dos rejeitados
dos sóbrios
dos viciados
dos caretas
dos menininhos
dos meninões

No peito de cada um de nós

também bate um coração
Tum, tum, tum
tumtumtum, tumtum

Schliptz, 2009.