sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vale a pena combater diretamente?

Existem muitas situações em que populações entram em conflito até que haja a dominação de uma sobre a outra. Falo de populações num sentido muito amplo. Populações de idéias contrárias, quando uma idéia pode desaparecer em favor de outra. Populações de pessoas, onde um grupo pode ser exterminado, em favor de outro, e chego até a incluir populações de microorganismos, sempre competindo entre si pelos nutrientes disponíveis.

Pois bem. Para as populações de microorganismos, temos exemplos tácitos de que o ataque direto pode ser revertido em favor do atacado. Falo do caso das superbactérias. Quando uma infecção não é tratada com uma dose que mate necessariamente todos os microorgamos alvo, os poucos restantes poderão representar justamente a seleção de microoganismos resistentes àquele antibiótico. Casos parecidos também ocorrem em outras classes de populações, como por exemplo, a dos cristãos perseguidos no início da nossa era. As próprias revoltas populares atuais são exemplos claros (e felizes), de que o combate direto (pelos ditadores) é muitas vezes ineficiente.

Fica a primeira lição. Se for atacar diretamente, que seja um ataque fulminante e total, com ampla margem de segurança para eliminar toda a população concorrente. Caso contrário, poderá ocorrer a seleção justamente dos elementos mais fortes e opositores e o problema dos atacantes terá aumentado.

Mas nem sempre o ataque direto é possível ou desejável. Há alternativa? Talvez o ataque indireto. Aquele que diz "se não pode vencê-los, junte-se à eles". Mas isso não representa a pura e simples abdicação da luta pela prevalência de sua idéia (população). Não sei direito do que se trata. Talvez passe pela aceitação do direito de existência do outro, pela legitimidade histórica, de que se elas existem, já é suficiente para que tenham direito de existir ou ao menos de lutar pela continuação de sua existência.

O ataque indireto talvez inclua também a desistência de uma luta por uma organização/estrutura, mas sim pelo alcance de seus objetivos. Assim, ao se perceber que a estrutura não ajuda ou até atrapalha o alcance dos objetivos iniciais, pode-se deixar de defendê-la. Quantos conflitos na história já não existiram por colocarem seu foco na existência de determinadas estruturas, quando o objetivo deveria estar acima delas, focado no ser humano?

No âmbito pessoal, o convencimento de outros pelo seu ponto de vista é enormemente facilitado quando o ataque não é direto. No ataque direto, não se respeita o direito da outra pessoa ter uma opinião diferente da sua. Não se respeita portando a pessoa, e a discussão vira pessoal. Ao contrário, quando se usa o que seria o ataque indireto, o respeito ao direito de existência da opinião alheia, abre possibilidade de diálogo. Chega até ser possível que ambos cheguem a uma opinião diferente das duas iniciais, devido à troca de idéias.

Outro exemplo, que suscitou a escrita deste texto, é o combate ao consumo de certos produtos, por questões ideológicas diversas. Quanto mais atenção o combate a eles causar, maior será a aparição do produto da mídia e mais ele será consumido. (Ver o post da @ticamoreno sobre a cerveja devassa)

Bom, mais uma idéia posta pra fora da cachola. Acho que vou ler mais sobre desobediência civil. Fui...