sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um dos motivos pelo qual não sou mais Farmacêutico.


Hoje me deparei com um artigo de um ganhador do prêmio Nobel de medicina que afirmava que as indústrias farmacêuticas deixam de produzir remédios que curam de fato, dando preferência aos que cronicalizam as doenças, como forma de manter e aumentar os lucros. Este artigo é muito sério, e me toca especialmente pois está relacionado com minhas escolhas profissionais. Abandonei a carreira de farmacêutico, entre outras coisas, por me deparar constantemente com a prevalência da lógica de mercado sobre a saúde e o bem estar da população. Esta cultura me causava um cansaço moral e um mal-estar constantes e acabei capitulando, escolhendo uma área, não sem dilemas éticos, mas que não envolve a saúde das pessoas e não é tão capitalizada. Depois de um tempo distante do meio, reconheço que houve covardia de minha parte em deixar de enfrentar e provocar as mudanças que eu achava necessárias.

Desejo a todos os profissionais da saúde, e em especial aos meus amigos e colegas farmacêuticos, toda a força e coragem necessárias para enfrentar esta lógica perniciosa que nos é imposta. Não se deixem vender nem vencer. Busquem sempre a união um torno do que é certo!

Um forte abraço,

Igor Konieczniak

PS.1 Não encontrei o artigo original, mas estou procurando, para comprovar a veracidade.
PS.2 Confirmei a veracidade do artigo, via Twitter, com o jornalista que fez a entrevista.

4 comentários:

  1. Oi Igor,

    eu fiz o contrário, abandonei a física. Lembra-se de mim? Era da ABU, fiz bacharelado em Física (vc entrou um pouco depois). Fiz mestrado em matemática e estava no doutorado na unicamp... aí me cansei... também capitulei, por motivos não tão nobres quanto os seus. Agora curso letras, mas pelo menos o mestrado me serve de ganha-pão por aí.

    Olha, acho que esse problema não é exclusivo da farmácia não. Esta escandaliza mais, porque mexe diretamente com a saúde das pessoas. Esse tipo de coisa deveria ser 100% pública... No entanto, a tecnociência em geral não existe para servir às pessoas. Infelizmente isso também está na produção de alimentos, energia, nos computadores que usamos agora, etc, porque tudo é mercado. É muito triste.

    Bem, quanto a minha desistência da ciência, é porque achei que a vida era muito curta pra isso mesmo.

    abração!

    Vinícius

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    1. Olá, Vinícius! Lembro sim!

      É, eu também percebo este problema nas outras áreas. Como pesquiso em Física, já me perguntei quem serão os beneficiados com a tecnologia que estou ajudando a construir. E a previsão não é muito animadora, pois melhores computadores (a contribuição prática mais concreta do meu trabalho) não deixarão de beneficiar em grande parte aos donos do capital. Ainda assim, tenho esperança de que a grande capacidade de conexão entre as pessoas possa nos servir para romper com o estado de poder que vivemos. É uma utopia, eu sei. Mas...quem sabe...

      Como sou naturalmente curioso e o conhecimento me dá um prazer enorme, ser pesquisador em Física é uma opção também um tanto egoísta. Mas estou confortável com isso, por enquanto. Sinto falta de aplicar mais meu tempo no ensino. Quem sabe no futuro, como professor universitário, ou como voluntário mesmo, isso seja possível.

      Boa sorte na letras! Se for se bandear para os lados do ensino, não deixe de conhecer as idéias de Reuven Feuerstein. A teoria dele é minha segunda paixão.

      Forte abraço!

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  2. Olá Igor, parafraseando Chico Anísio, estou contigo e não abro!!! Um forte abraço! Papi

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  3. Pois olhe, sei bem que a área de farmácia é mesmo difícil, ainda estou nela nem sei bem porque... hehehehe... mas já quase larguei tudo para fazer letras! Ainda pretendo fazer, na verdade! =D

    Acho que o maior problema nem é em si as indústrias farmacêuticas, mas sim, a banalização da saúde, num modo geral. Acredita-se ser normal uma pessoa dormir na fila em um posto de saúde, ou ficar sem medicação por estar em falta. Eu trabalho na área pública e sei que o buraco é bem mais embaixo, as verbas públicas para a saúde são estreitas e fazermos milagres meio direto, matamos vários leões ao dia.

    Mas agradeço pelo boa sorte... hehehe... é bem necessário! E fico muito feliz que você tenha se encontrado em outro caminho. O importante é fazermos o que gostamos. E como eu também sou escritora, consigo ir conciliando... =)

    bjos!
    Tâni

    www.rosaimortal.com.br

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