sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um dos motivos pelo qual não sou mais Farmacêutico.


Hoje me deparei com um artigo de um ganhador do prêmio Nobel de medicina que afirmava que as indústrias farmacêuticas deixam de produzir remédios que curam de fato, dando preferência aos que cronicalizam as doenças, como forma de manter e aumentar os lucros. Este artigo é muito sério, e me toca especialmente pois está relacionado com minhas escolhas profissionais. Abandonei a carreira de farmacêutico, entre outras coisas, por me deparar constantemente com a prevalência da lógica de mercado sobre a saúde e o bem estar da população. Esta cultura me causava um cansaço moral e um mal-estar constantes e acabei capitulando, escolhendo uma área, não sem dilemas éticos, mas que não envolve a saúde das pessoas e não é tão capitalizada. Depois de um tempo distante do meio, reconheço que houve covardia de minha parte em deixar de enfrentar e provocar as mudanças que eu achava necessárias.

Desejo a todos os profissionais da saúde, e em especial aos meus amigos e colegas farmacêuticos, toda a força e coragem necessárias para enfrentar esta lógica perniciosa que nos é imposta. Não se deixem vender nem vencer. Busquem sempre a união um torno do que é certo!

Um forte abraço,

Igor Konieczniak

PS.1 Não encontrei o artigo original, mas estou procurando, para comprovar a veracidade.
PS.2 Confirmei a veracidade do artigo, via Twitter, com o jornalista que fez a entrevista.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Todos os Homens São Mortais.

Acabei de ler "Todos os Homens São Mortais", de Simone de Beavoir. Um livro angustiante, em especial para aqueles que pensam pouco na morte, na brevidade da vida. Não é o meu caso. Talvez por isso, me entediou a constante repetição da maldição dos personagens mortais. De novidade apenas o tédio do imortal. Será que um ser imortal se entediaria? No entanto, o efeito da mortalidade é mais conhecido, sobretudo nos que ainda não a sofreram. Em comum à todos o vazio da existência. Mas algumas das mortes são inspiradoras, e o imortal não os compreende por todo o livro. Como ser otimista quando se têm certeza da morte? Ainda assim a perspectiva otimista é a única viável. Sem ela a vida para ou torna-se insuportável. Será? Nunca teremos as respostas que precisamos. Mas, afinal, as precisamos para quê? Se gerações após gerações vivem e morrem à revelia do não surgimento destas respostas. O otimismo não faz sentido. Mas ainda é melhor que se capture o dia, do que apenas vê-lo passar.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vale a pena combater diretamente?

Existem muitas situações em que populações entram em conflito até que haja a dominação de uma sobre a outra. Falo de populações num sentido muito amplo. Populações de idéias contrárias, quando uma idéia pode desaparecer em favor de outra. Populações de pessoas, onde um grupo pode ser exterminado, em favor de outro, e chego até a incluir populações de microorganismos, sempre competindo entre si pelos nutrientes disponíveis.

Pois bem. Para as populações de microorganismos, temos exemplos tácitos de que o ataque direto pode ser revertido em favor do atacado. Falo do caso das superbactérias. Quando uma infecção não é tratada com uma dose que mate necessariamente todos os microorgamos alvo, os poucos restantes poderão representar justamente a seleção de microoganismos resistentes àquele antibiótico. Casos parecidos também ocorrem em outras classes de populações, como por exemplo, a dos cristãos perseguidos no início da nossa era. As próprias revoltas populares atuais são exemplos claros (e felizes), de que o combate direto (pelos ditadores) é muitas vezes ineficiente.

Fica a primeira lição. Se for atacar diretamente, que seja um ataque fulminante e total, com ampla margem de segurança para eliminar toda a população concorrente. Caso contrário, poderá ocorrer a seleção justamente dos elementos mais fortes e opositores e o problema dos atacantes terá aumentado.

Mas nem sempre o ataque direto é possível ou desejável. Há alternativa? Talvez o ataque indireto. Aquele que diz "se não pode vencê-los, junte-se à eles". Mas isso não representa a pura e simples abdicação da luta pela prevalência de sua idéia (população). Não sei direito do que se trata. Talvez passe pela aceitação do direito de existência do outro, pela legitimidade histórica, de que se elas existem, já é suficiente para que tenham direito de existir ou ao menos de lutar pela continuação de sua existência.

O ataque indireto talvez inclua também a desistência de uma luta por uma organização/estrutura, mas sim pelo alcance de seus objetivos. Assim, ao se perceber que a estrutura não ajuda ou até atrapalha o alcance dos objetivos iniciais, pode-se deixar de defendê-la. Quantos conflitos na história já não existiram por colocarem seu foco na existência de determinadas estruturas, quando o objetivo deveria estar acima delas, focado no ser humano?

No âmbito pessoal, o convencimento de outros pelo seu ponto de vista é enormemente facilitado quando o ataque não é direto. No ataque direto, não se respeita o direito da outra pessoa ter uma opinião diferente da sua. Não se respeita portando a pessoa, e a discussão vira pessoal. Ao contrário, quando se usa o que seria o ataque indireto, o respeito ao direito de existência da opinião alheia, abre possibilidade de diálogo. Chega até ser possível que ambos cheguem a uma opinião diferente das duas iniciais, devido à troca de idéias.

Outro exemplo, que suscitou a escrita deste texto, é o combate ao consumo de certos produtos, por questões ideológicas diversas. Quanto mais atenção o combate a eles causar, maior será a aparição do produto da mídia e mais ele será consumido. (Ver o post da @ticamoreno sobre a cerveja devassa)

Bom, mais uma idéia posta pra fora da cachola. Acho que vou ler mais sobre desobediência civil. Fui...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

On The Taste Of Tears

I dreamed of you crying

tears rolling down your face

but there was no disgrace

'cause of joy we were as flying


those tears came out of consciousness

that you were really loved

And when I said “Truly beloved”

of your eyes vanished all darkness


By looking deeply inside those eyes

and those non stopping tears

couldn't avoid to kiss them softly

and salty liquid wet my lips


Then your eyes met mine

there I found myself loved to

and then I cried as well

my fears likewise dismissed

my tears running fast to my mouth


This time you kissed my tears

gently in my face

and I then kissed smoothly

your red and trembling lips


tears with tears, yours and mine

lips with lips, a timeless kiss


and together we then tasted

dissolving all our fears

the sweet appeasing taste

of our salty healing tears.


20 de fevereiro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Choro e Chuva 2 - As idéias

Sobre o que pensei? Ah, logicamente, sobre a vida, o universo e tudo o mais, incluindo:

-Certezas, onde vocês foram se esconder?

-Meus amigos, me perdoem a ausência dos últimos 9 anos. Acreditem, uma parte do isolamento foi e ainda é necessária, benéfica. A outra parte, a maléfica, inevitável.

-Àquela que certa vez debochou de meus amigos: "Porque debochas dos meus amigos? O único mal que te fizeram foi não propiciar que você conhecesse as pessoas fantásticas que eles são. Se você não se mostrou interessante o suficiente para evitar isso, o problema é todo seu."

-Encontrei hoje um pedacinho de beleza no meio deste nosso mundo acabado. Uma blogueira com uma escrita precisa, lúcida, honesta, leve e bela. http://www.arnug.com/arnug/?page_id=100 e http://www.arnug.com/ ou ainda @anarina no twitter. Parte desta insônia é culpa dela.

-O máximo de compreensão e vislumbre que um físico pode aspirar é delimitado pelo que Einstein ou Newton atingiram. Mas, até que ponto a condição humana foi alterada pela existência deles? Diretamente? Muito pouco. E indiretamente? É, de fato, o mundo não seria o mesmo sem eles. Mas, será que seria menos desigual e injusto?

Choro e Chuva 1 - A Sensação

Chove mais uma vez sobre a cidade. E eu, com muitas idéias na cabeça para conseguir dormir, saí para caminhar. Chuva fraca e não muitas lágrimas. Mas, ainda assim, as águas, as de dentro e as de fora, molharam meu rosto novamente. Que delícia!

sábado, 16 de outubro de 2010

Organizações

Organizações são necessárias. Inerentes à humanidade. Mas sua criação e existência envolve um certo risco. Em sua fundação, as organizações procuram servir à pessoas. Mas com o tempo, isso pode mudar. São muitas as organizações que se consideram inevitáveis, fundamentais, imprescindíveis. Poucas são as que planejam o seu fim. Não sonham com o dia em que não serão mais necessárias. Todas querem crescer e se fortalecer. Quanto mais membros, melhor. Dessa forma, a organização pode chegar à um estágio além, onde a sua própria sobrevivência (se ameaçada) , ou a sua própria expanção (caso contrário), passam a ser os objetivos primeiros. A organização passa a ser um fim em si mesma, e o objetivo de atender à alguma necessidade legitima das pessoas fica em segundo plano. Quantas organizações não passaram por isso? Governos então? O que fazer então? Proponho criar uma organização para combater às organizações. Que tal? Brincadeiras à parte, o caminho mais difícil, mas acredito ser o único possível, é, em qualquer contexto, sempre denovo tentar colocar os trens nos trilhos, e as organizações no rumo de alcançar e lutar por seus verdadeiros objetivos (sem discutir a coerência destes, que à priori, deixo para outra hora).